Vivia em uma pequena vila do Arizona chamada Tusayan, com uma população de menos de 600 residentes e que chegava a pouco mais de 1000 habitantes em épocas consideradas de alta temporada para visitação ao Grand Canyon National Park, que ficava a cerca de 10 km dali.
É a última vila antes de se chegar no parque, bem ao norte do Arizona e, por isso além dos americanos do velho oeste, os residentes locais eram essencialmente compostos por mexicanos (em sua maioria, em condição ilegal) ou índios nativos americanos provenientes de reservas não muito distantes dali como a dos navajos, a dos hopi e a dos hualapai.
Durante os meses de verão no hemisfério norte (julho e agosto, principalmente) a vila de Tusayan recebia turistas de todas as partes do mundo e, em função do aumento da demanda de trabalho, muitos estrangeiros eram contratados pelas empresas administradoras dos hotéis, restaurantes, supermercados e lojas para trabalharem e para melhorarem seus níveis de inglês (por serem mão-de-obra mais barata).
Assim como eu, haviam alguns outros brasileiros mas também pessoas de diversas outras nacionalidades como escoceses, ucranianos, estonianos e finlandeses, por exemplo. Uma Torre de Babel (sobre esse assunto, leia o livro inicial de Gênesis na Bíblia Sagrada e conhecerás a teoria religiosa que explica o surgimento das línguas do mundo).
The Tower of Babel, by the Dutch painter Pieter Brueghel (1563) |
Havia pouca coisa prá se fazer na vila quanto à opções de entretenimento ou vida noturna mas, como eu trabalhava 6 dias por semana, em 2 empregos diferentes, não me sobrava muito tempo livre mas quase todas as semanas eu ia de bicicleta para admirar as fantásticas vistas do Grand Canyon e para esparecer as ideias.
Às vezes eu conseguia ir para uma cidade maior perto dali, chamada Flagstaff, onde haviam shoppings e vários lugares legais para se visitar. Mas Flagstaff terá um capítulo exclusivo no blog.
Trabalhava em tempo integral em um pequeno supermercado (Tusayan General Store) como caixa mas acabava desempenhando outras funções quando o movimento baixava. Junto deste local havia a pequena agência de correios da vila e uma loja de souvenirs do GC e artigos para acampamento.
Além deste trabalho, por um tempo também tive um segundo emprego, de meio turno no guichê de informações turísticas, no Centro de Visitantes do National Geographic, que ficava junto do IMAX Theater da vila. Gostava demais dos dois trabalhos e da chance de poder praticar inglês, espanhol e eventualmente, alemão e francês, que eu já estudava na época.
O ponto alto deste período foi, certamente, ter descido o canyon pelas trilhas, a pé (hiking) mas este será um capítulo específico do blog.
Também fui a Las Vegas, no estado vizinho de Nevada mas para este evento também haverá um capítulo à parte.
Tenho muita saudade dessa vila e da vida que tinha lá, os amigos que fiz e que seriam meus amigos pro resto de minha vida, diversos dos quais reencontrei alguns anos depois aqui no Brasil ou na Europa este ano (2013), quase 8 anos mais tarde mas sentindo que os vínculos de afeto e de amizade se mantiveram e se intensificaram.
Esse será, para sempre, um dos lugares mais importantes para mim.